sábado, 21 de agosto de 2010

Viver os dias

Neste momento és um rapaz que vive cada dia para cada dia,
Pensas em coisas que te preocupam e que soam ridículas ao resto do mundo.
Gritas ao mínimo entusiasmo.
Tens fome de saber e curiosidades atrevidas,
Namoras com os teus pensamentos e o coração começa a florir.

Um dia mais tarde vês-te um homem com pêlos na cara
E perguntas a ti mesmo como tudo aconteceu, como passou tão rápido,
E ficas com a sensação que não aproveitaste o suficiente,
Vês os teus olhos bem à tua frente numa figura frágil que te adoça os dias.
Vives o dia saboreando o dia anterior e esperando com ansiedade o dia seguinte

Tudo é tão incerto e ao mesmo tempo tão rotineiro...

Depois de todas as tempestades e dias amenos
Os teus olhos estão iguais, mas o teu olhar mais sábio.
Deparas-te com uma barba grisalha, uns vestígios de calvície,
E uma tonta dificuldade em subir degraus
Os teus olhos surgem novamente à tua frente...
E desta vez vertes uma lágrima, já não és o durão que costumavas ser
Gozas o teu cansaço, lendo o jornal na velha cadeira de madeira,
Com os pensamentos cada vez mais tranquilos
Mas com uma certa dificuldade de adaptação.
Vives o dia, recordas os dias e esperas sereno o dia de amanha.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Merda

A noite está cega
O silêncio é ensurdecedor
O frio cobre e abraça a minha dor
A chuva fina dança maluca

O cais aguenta a maré
As ondas batem-lhe com força
Os navios ferrugentos descansam
A lua esconde-se de mim

Não há palavras

Só merda