domingo, 21 de fevereiro de 2010

Fiéis amigas



As árvores correm o tempo,

Arranham os céus e perfuram a terra,

Passam gerações inteiras

E elas ali imponentes

Com braços abertos, sempre abertos

Prontos a receber.


A sua sombra descansa e adormece

À luz do sol do meio dia

As almas puras e exaustas,

Ou simplesmente os corações apaixonados

Que cicatrizam os seus nomes

No tronco grosso.


À noite, os pássaros voltam para ela,

Refugiam-se nas suas cavidades

De papo cheio e de bico calado

À espera de um novo dia,

De um novo sol quente no céu...

A vida continua!



Nota:Este poema foi escrito há cerca de 5 anos.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Morte ao sol



Ele sentiu o cano frio,metálico na têmpora.Era uma arma.Por momentos pensou ouvir o disparo que nunca mais chegava e à medida que a vida lhe passava na mente como um relâmpago,o seu corpo ficava tenso e frio.Só se lembrava do bem e do mal que tinha feito,arrependeu-se do mal que fez e chorou,lembrou os bons momentos e chorou ainda mais.As lágrimas caiam nas suas pernas cruzadas como uma chuvada violenta.Não disse uma palavra.Abriu os olhos e vislumbrou o mar ao fundo,onde terminava a erva verde da falésia.Levantou o olhar e viu o sol bojudo no céu sem nuvens.
A arma ainda estava apontada,mas já estava quente.
Corria-lhe na testa um suor frio.Fechou os olhos e chorou imóvel,como uma criança.Só ouvia as ondas rebentar lá longe na falésia e sentia a brisa marítima invadir-lhe a face.
Ouviu um estrondo seco e muito rápido.A arma tinha disparado.
Um gesto mecânico do seu indicador premiu o gatilho.Sentiu-se sereno,sem dor,leve.Ouvia agora o mar mais distante de si como um eco distorcido.Já não havia arrependimento,já não havia bem nem mal,já não havia tempo nem espaço.
Passados uns minutos deixou de ouvir o mar.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Encalhado

Posso ter a certeza de tudo o que faço
E errar da maneira mais nobre.
Posso corrigir cada passo
E perseguir algo que talvez encontre.

Andarei perdido e cansado,
Afastar-me-ei das intempéries,
Serei um covarde desolado,
Com medo de ser infeliz.

Percorro o caminho que não mereço
Salvaguardado por outros sacrifícios,
Os quais nunca esqueço.
Sinto-me um desperdício.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Puzzle



Queria poder juntar os pedaços da perfeição e monta-los como um puzzle e o resultado final serias tu.
Deveria eu saber que a perfeição não existe por si só, nós fazemos a perfeição. Sem nós a perfeição seria apenas mais uma palavra. Apenas a natureza é perfeita.
A adaptação também depende de nós, construí-mo-la diariamente com argumentos e discussões, pensamentos e acções.
Vamos construindo o nosso puzzle, peça por peça, e se ocasionalmente não houver a peça certa, montamos uma parecida e continuamos o nosso puzzle com todas as suas perfeitas imperfeições

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Vento




Vacila ao vento e enferruja com a chuva,
Lá de cima do telhado.
Acusa-o e denuncia-o,
Só ele sabe de onde vem.
Esteja sol ou frio,
Enfrenta-o como ninguém.

Não me diz para onde ir,
Não me orienta,
Apenas me diz para onde não ir.
É um amigo forreta.

Percursos




Haveria alguém de saber,
Pelo menos uma vez,
Que andamos tanto na mesma estrada,
Como em vias separadas.

E que no final do percurso,
Com diferentes trajectos,
O destino seja comum
E os stops ultrapassados um por um.

Divagações




Quando pensamos que somos,
Um novo dia revela-se
E traz consigo um sabor amargo.

Aprendemos a lidar com isso
E depressa nos apercebemos
Que não podemos voltar a trás.

É uma luta solitária,
Uma séria de pensamentos e reflexões indesejadas,
Que esmagam o peito como uma pedra.

Os dias vão passando tão iguais,
Que a mente cai numa rotina sôfrega
Que provoca dormência.

As palavras não saem porque não podem sair,
Engole-se em seco e pensa-se até em desistir.

E no fim, escolhemos o bem,
O nosso próprio bem.
Um conforto indesejavelmente planeado,
Acompanhado de um egoísmo e medo compartilhado,
Alimentado pela fome do futuro incerto.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Fase I

Quero nascer.

Quero crescer.

Quero esmurrar um joelho,

Quero o meu primeiro beijo,

Quero explorar,

Quero experimentar,

Quero ter muitos amigos,

Quero correr perigos,

Quero fazer asneira,

Quero dormir ao relento aquecido por uma fogueira,

Quero mentir,

Quero poder sair,

Quero sentir prazer,

Quero deitar-me com alguém e adormecer,

Quero paixão,

Quero dar a mão,

Quero não ter borbulhas,

Quero ter muitas amigas,

Quero ser aceite, igual ou melhor,

Quero o meu primeiro amor,

Quero sentir saudade,

Quero fugir da puberdade,

Quero aprender,

Quero conhecer,

Quero sofrer por amor

Quero ter um louvor,

Quero criar objectivos,

Quero despedir-me dos pais e dos amigos.


(Continua)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Medo irracional

Falei hoje pelo messenger com o meu irmão que tem 11 anos...

Ele-Oi?Estás aí??.......ttttrrrrrrrrrrrrrr(maldita opção do msn que abana o ecrã todo e faz barulho!!!dasss......)
Eu-Estou...!!!
Eu-Então pá como correu a escola?
Ele-Correu bem.E tu vais ter exame hoje não vais?
Eu-Sim vou!É às 18h...
Ele-Viste ontem os vampiros na 4?
Eu-Não, vi os vampiros da 3...!
Ele-A lua vermelha?
Eu-Acho que sim!
Ele-Depois de ver os vampiros quase que não adormecia...
Eu-Porquê??
Ele-Aquilo era só sangue...!!
Eu-Sabes que os vampiros não existem, portanto podes estar descansado...
Ele-Eu sei, mas o meu cérebro não...

Moral da história...
Todos os nossos medos irracionais são difíceis de controlar...e mesmo nós sabendo que eles são irracionais, continuarão a existir sempre...é estúpido mas é verdade!
Talvez o nosso cérebro não seja assim tão esperto...