terça-feira, 27 de abril de 2010

Residência parte VII

Nesta altura do campeonato, além do Benfica ser quase campeão, é tempo de estudo árduo, as frequências começam a apertar, os trabalhos e relatórios a cair e a nossa paciência a decrescer. Isto porque esse sacana do sol anda a dar uns ares da sua graça e com temperaturas amenas para beber uns finos numa esplanada, fazer topless (e vê-lo) e queimar umas calorias com calças e tops tão justinhos que invocam pensamentos pecaminosos do tipo: "porque é que eu não sou de Telheiras??", é difícil manter uma postura séria e atenta quando se está dentro de uma sala de aula a sentir e a fazer todo o oposto do que referi anteriormente.

Este verão sou a favor da burka, porque na praia (em frente à escola, não é para todos!!), é possível rebarbar cerca de 30 vezes por cada 100 metros quadrados, e o pessoal da residência não aguenta a pressão, o que origina uma grande afluência aos chuveiros e casas de banho da mesma ("epa hoje estou com umas cólicas"...pois sim..."todos os dias tomo 2 ou 3 banhos"...pudera!!).

No entanto, apesar de haverem essas vontades (putas e vinho verde fresquinho) de liberdade e descanso, o pessoal tem conseguido manter um equilíbrio saudável entre o número de horas de aulas e o número de horas de praia com uma relação aproximada de 1 para 3. Escusado será dizer que esta relação também é aplicável, respectivamente, aos cl's de água e cerveja consumidos por dia. O que vale é que eu não gosto de praia...
Lembro ainda que a residência (é antiga comá merda) não é moderna e como tal, não tem ar condicionado, nem internet funcional, nem cozinhas decentes, nem chão que não se desmonte às peças, nem janelas que vedem bem e que impeçam a entrada de centopeias gigantes,etc, logo, se no Inverno era desagradável, agora que está a vir o Verão, não vai ser mais fácil.

Outro pormenor desagradável é que na residência a relação de mulheres para homens é de 1 para 10 (não, não estou a exagerar...), portanto como há quem diga que no mundo há 7 mulheres por cada homem, eu quero saber onde estão as minhas 6.

Nota:A quem as vir que me contacte por email por favor.

Agradecido.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Ninhos de plástico

Há uns dias vi um pardalito com uma fita de plástico, daquelas que tapam os maços de tabaco, na boca. Veio-me à ideia que o pardalito estivesse à procura de palhas secas e pequenos ramos para fazer o ninho. À falta de melhor, suponho que ele tenha feito o seu ninho com aquela fita de plástico.
O pardalito na sua inocência não sabe que a sua casa, o seu lar, o sitio onde vai criar as suas crias vai ser construída com materiais sintéticos, materiais que resultaram da poluição do ser humano.
No fundo, todos nós não temos noção que tudo o que nos rodeia é anti natural, tudo é feito, construído, inclusive há jardins, espaços verdes que não são naturais, não estão ali porque pertencem mas porque o Homem assim o quis. Quando soube que sempre que se constroem blocos e blocos de apartamentos ou simples moradias, que é obrigatório ter espaços verdes, fiquei a pensar que somos exactamente iguais ao pardalito, que o que nos rodeia, apesar de estar verdinho e ser bonito e estar ali para o nosso conforto, não é natural.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Noite



Há pedintes,
Há mendigos,
Riscos e perigos.

Há a luz que não ilumina,
Há a mulher menina,
Que se vende na esquina.

Há de tudo na cidade que não me vê.
Há quem me pergunte porquê,
Há quem me ignore.

A noite não dorme,
É cega e surda.
Uma surpresa em cada curva.

Subo e desço as escadarias,
Vagueio sozinho em busca das mesmas companhias.

7 Palmos de terra



Sou quem a dor aperta,
Sou moralista,um falso poeta,
Cuja dor dói e doeu,
Sou quem fecha a porta aberta.

O meu sangue evapora, ferve.
Apático, insensível, que nada teme.
Finjo quem sou agora.
Trago este amargo na boca,
Esta agonia, nojo do ser que sou.
Enterro sob sete palmos de terra
E gozo a vida entre os grãos de areia
Que o tempo amontoou.

A dor ninguém a leva, ninguém a vê.
Guardo-a só para mim.