segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Perfumes & Co

Cenário: Almoço de família

Irmão: Oh pai, ontem à noite havias de ter visto os anúncios na televisão. Era anúncio de perfume sim e outro não.
Pai: Anda tudo a cheirar mal...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Lago

Ela esperava sentada junto ao lago

Numa manhã fria de Outono.

Estava um frio cortante

E uma névoa densa repousava sobre o lago

Que dormia tranquilo

Perante um silêncio desconcertante.


Ouviu ao longe uma chiadeira.

O seu olhar que adormecia na terra

Ergueu-se e o seu coração palpitou.

O som arrastava-se quase sem pressa

E aumentava a medo.

Ela levantou-se e atenta, observou.


Do meio da neblina uma figura pequena surgiu,

Montada numa pequena bicicleta ferrugenta.

A figura aproximou-se e tornou-se mais nítida.

Ficaram as duas frente a frente

As suas respirações ofegantes misturavam-se.

Deram as mãos timidamente.


Beijaram-se.


O único calor que sentiam vinha da boca uma da outra.

O silêncio continuava, e não tencionava terminar.

Abraçaram-se e desejaram que fosse assim para sempre

Apenas elas e o lago e o silêncio para partilhar.

Sorriram e suspiraram em harmonia um “amo-te”.

E soltaram uma gargalhada vibrante.

Porque vem aí o Natal

Tenho pena de quem diz que não gosta do Natal.

Eu adoro o Natal, isto porque o vejo no que ele tem de melhor e mais infantil.

No quarto da residência onde moro está uma árvore de Natal desenhada com luzes coloridas, num armário azul de metal, apenas porque nesta época sinto uma estranha necessidade de sentir que é Natal.
Comprei as luzes nos chineses.

Espero manter este fascínio infantil por muitos mais anos, as luzes coloridas que não se cansam de piscar, mas que às vezes fundem, a árvore, o presépio feito com musgo apanhada na mata, os doces e principalmente a família e o bacalhau tremido feito pela minha avó "ti" Rosa Nova.
Aquecer o cú na salamandra da cozinha a ver os mesmos filmes que deram nos últimos 4 Natais, mas que mesmo assim eu faço questão de ver, comer alternadamente entre doces e salgados, inclusive o bolo rei, os ovos moles e uns bombons de cereja cobertos com chocolate, tudo feito pelo meu pai, aconchegar-me no sofá com o cobertor aos pés da minha mãe e mandar uns carolos no meu irmão.

É um dia como os outros?
Claro que é, com a excepção de que é Natal.
E eu gosto do Natal.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Viagens

Apontava num papel qualquer
Podia ser mesmo aí
Nesse
Que tens aí

Podia ser na memória fotográfica de um passado tão presente
Que tão próximo e tão perto me faria dormente

Mas não.

É assim tão real que se sente
E apesar de estar contigo comigo
Vais estar longe e tão perto meu amigo.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Donas de casa

Com a actual situação que o país vive, começo a pensar se não seriam úteis umas dicas de umas verdadeiras donas de casa, para que se pudesse realmente poupar, evitando gastar dinheiro em coisas fúteis como em automóveis topo de gama e ajudas de custo e representação que dariam para comprar uns quantos T2 na Reboleira, e gastar moderadamente nas coisas realmente essenciais como saúde e educação, etc. Mas isto sou só eu a falar. E eu sou leigo.

Mas...

Infelizmente os senhores que estão no governo, com toda a certeza não tiveram uma mãe como a minha, que me incutiu desde sempre que deveria poupar e comprar apenas se pudesse, não ir para além das minhas possibilidades. A propaganda que a comunicação social faz de sensibilização à poupança, é tudo menos nova para mim. Querem ensinar os portugueses a escolher os produtos mais baratos nos hiperes, dar-lhes a conhecer convenientemente os produtos de marca branca (o continente agradece), a tomar banho mais depressa, a apagar as luzes quando não são necessárias, a desligar os transformadores da ficha, a ir ao cabeleireiro uma vez por mês, a meter uma garrafinha no autoclismo, a tomar pequeno almoço em casa, etc...

Fantástico, digo eu.

Sempre admirei a inépcia daquelas pessoas que "não sabem" poupar, é tão simples que possivelmente, um dia destes colocarão um símio a fazer essa sensibilização, até porque se bem me lembro, já foi utilizado um para sensibilizar à reciclagem. Esperem para ver.

Voltando às donas de casa, as verdadeiras, aquelas que têm que gerir um lar composto por vários filhos, por vezes com orçamentos verdadeiramente reduzidos e milagrosamente geridos ao cêntimo e ainda assim não faltam com nada aos filhos, cada vez mais exigentes, essas senhoras deveriam sem sombra de dúvida estar a governar o nosso país. E tenho pena que os senhores que nos governam, nunca tenham tido mães assim, ou então tiveram mas não quiseram aprender.

É bem verdade que cada um é filho da sua mãe.



segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Eclipse

Imaginem um casal, casado há já uns anos, com uma vida profissional estável e um núcleo familiar sólido. Este casal tem tudo para ser feliz com a excepção de que descobriram há cerca de 10 anos que não podiam ter filhos, ou pelo menos foi o que lhes disse uma médica quarentona, sem filhos por opção. A razão pela qual a médica aconselhou a senhora a não ter filhos foi a sua doença mental, esquizofrenia, que para estar controlada implicava a toma massiva de medicação e consequentemente a quase impossibilidade de poder gerar uma criança.

Visto a impossibilidade de serem pais biológicos, este casal queria muito partilhar o seu amor com uma criança, e como tal começaram a pensar na adopção. Então há cerca de 7 anos começaram a sua longa jornada na tentativa de adoptar uma criança.

Trataram das toneladas de papelada necessária, das burocracias associadas, assistentes sociais em casa, entrevistas, acompanhamento, etc.

Após a enorme parafernália de procedimentos adjacentes ao processo, restava-lhes agora esperar. E esperar. E esperar.

Sempre que se dirigiam à segurança social, as assistentes sociais que os acompanharam desde o inicio do processo apenas tinham para lhes dizer “Têm que esperar” e “Não percam a esperança”.

Passaram 4 longos anos nesta corrida quase mensal à segurança social na esperança que já houvesse uma criança para eles. Obviamente que tudo tem um limite e a paciência humana não é excepção.

Recorreram aos tribunais para provar que eram mais que competentes para receber, criar, dar afecto e educar uma criança, um ser humano e que apesar da doença mental da senhora, que sempre esteve controlada, não era impedimento absolutamente nenhum, isto, segundo outra médica que acompanhava agora o estado da senhora.

Ganharam, pelo menos em tribunal.

Depois da vitória em tribunal e do aparecimento de uma nova luz, uma brisa de ar fresco, continuaria a espera incessante.

O tempo foi passando e o casal agora na casa dos quarentas, dirigiu-se mais uma vez à segurança social. Após explicarem às assistentes sociais que estavam a ficar com uma certa idade para adoptarem uma criança mais pequena, já que quando a criança tivesse na casa dos vintes, eles já teriam sessentas, que não se importavam de adoptar uma criança mais velha.

Ao que as assistentes respondem e vou citar: “Vocês não são competentes para educar uma criança de 3 ou 4 anos quanto mais uma de 10”. Ouvir isto magoa, mesmo para quem está de fora. E as pessoas não são de ferro. “Porque é que diz isso?” – pergunta o senhor a tentar não perder a postura, ao que a assistente lhe pergunta: “Se tiver um prato de sopa e um bife e a criança disser que não quer comer a sopa, o que é que você faz?”. Medo de uma assistente social. “Dir-lhe-ei que tem de comer a sopa primeiro”. A assistente social insiste: “E se a criança disser que não vai comer mesmo a sopa?”… não vale a pena continuar com o diálogo, acho que já me fiz entender.

A resiliência humana não é eterna nem contínua, obviamente que não vale a pena referir as frustrações, as depressões, as discussões consequentes de todo este processo.

Que alguém não queira ter filhos, é perfeitamente legítimo, o problema é quando esse alguém não quer e tem o poder de impedir outro alguém de os ter. Já alguém dizia que a nossa liberdade termina quando começa a liberdade dos outros.

E digo com convicção que não foi a primeira médica que desaconselhou a senhora a ter um filho biológico, porque isso é possível segundo a “outra médica” e não foram as assistentes sociais com contornos macabros que os vão impedir de dar amor a uma criança, de partilhar o amor com uma criança, de salvar uma criança, um ser humano.

Em Dezembro vemo-nos em tribunal.

“Enquanto houver estrada pra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar”

Jorge Palma

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Arranjo tomatal

Sempre me intrigou aquele lendário tique que uma razoável percentagem de homens tem. Refiro-me àquele gesto, normalmente feito em público, que consiste numa inclinação de cerca de 10,5º do troco para a frente, leve flexão de um dos joelhos à escolha, dobra do dedo mindinho juntamente com o anelar, podendo também juntar-se à festa o dedo "pai de todos", dependendo da intensidade do arranjo.

Após a devida preparação, leva-se a mão escolhida à zona virinhal (nunca tive anatomia) e enfia-se o conjunto de dedos na folga entre a coxa e os testículos, com os dedos direccionados para os ditos e finalmente coça-se o(s) testículo(s) aprisionado por uma cueca demasiado marota, um pêlo púbico mais atrevido ou simplesmente por tique, porque sabe bem.

Quem o faz nem se apercebe que o faz, acredito até que seja uma alternativa "aceitável" publicamente à masturbação, pelo prazer que dá.

Nota: ponderei colocar uma imagem para melhor ilustrar o gesto mas acho que não será difícil imaginar.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Spice

Hoje é um dia como outro qualquer, com a excepção que este costumava ser o teu dia.

Frases

"A política é como a religião, não acredito nela mas tenho perfeita noção que a sua existência produz um estranho conforto."

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Orçamento de(t)estado

Nestes últimos dias tem-se assistido a uma panóplia de informação e respectiva controvérsia acerca do O.E.(utilizar apenas as iniciais não cansa tanto ao ouvido nem à leitura) e como tal senti-me na obrigação de dar a minha opinião sobre o assunto.

A Ascaridíase é um parasita causado pelo verme Ascaris lumbricoides, mais conhecido por lombriga. São vermes sem segmentação e com tubo digestivo completo. A reprodução é sexuada, sendo a fêmea maior que o macho.

Durante a infecção, o ser humano liberta os ovos do parasita juntamente com as fezes, sendo que a larva se desenvolve em ambientes quentes e húmidos (ambientes tropicais), a qual permanece dentro do ovo. A infecção dá-se através de ovos, água e outros alimentos infectados.
Assim que eclodem, as larvas são libertadas no intestino delgado, alcançando a corrente sanguínea através das suas paredes e infectando o fígado, passando pelo coração e pulmões. A maturação, que dura aproximadamente dois anos, termina no intestino delgado, onde se dá a cópula e a libertação dos ovos juntamente com as fezes.

Espero que tenha sido bastante explícito e sucinto.


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Amor e vida

Todos tentam definir o que é o amor e a vida
Só porque os viveram à sua maneira.
Mas o amor e a vida são adimensionais
Porque não há regra nem lei que os defina.

Todos sabem o que os faz felizes,
Mas nem toda a gente sabe o que a felicidade significa.
Há diferentes pontos de vista e prioridades,
Maneiras de viver e amar mais ou menos eficazes.

Todos seguem um caminho e uma ideia,
Procuram desenfreadamente por algo que não sabem bem o que é,
E apesar de já ser tarde quando ainda é cedo,
Há sempre tempo para apanhar a próxima boleia.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O outro mundo do Zé (parte III)

Continuaram de volta do telemóvel mais alguns minutos, o Zé jogava e o Pedro dava as instruções, o Zé não queria outra coisa e pela primeira vez desde alguns dias que se esquecera dos berlindes por completo. Queria explorar, queria descobrir, queria brincar com aquela máquina de jogos que também era um telefone, queria tirar fotografias, ouvir as músicas e enviar mensagens aos amigos.

A tarde já estava a cair.

-Acho melhor ir embora. - disse o Pedro já com medo de um sermão.

O Zé descolou os olhos do ecrã e reparou com espanto que o sol já quase não se via.

-Ahhh!! Já devia estar em casa!! - gritou o Zé.
-É melhor irmos. Posso ficar com o teu número?
-Hum...eu não o sei de cor...encontramo-nos amanha aqui à mesma hora.
-Amanha já não posso, vou embora para casa depois de almoço.
-Hum...então da próxima vez que vieres pode ser que nos voltemos a encontrar, ah e não te esqueças do telemóvel.
-Está bem.

Deram um aperto de mão e foi cada um para seu lado.
O Zé correu até casa e assim que entrou na porta da cozinha viu a mãe a preparar o jantar.

-Oh filho, tão tarde?
-Desculpa mãe, encontrei um amigo pelo caminho e...estivemos a jogar ao berlinde.
-Esses berlindes não te saem da cabeça pois não?
O Zé esboçou um sorriso amarelo.
-Vem cá. - disse a mãe. - Toma, são para ti.
Um saco enorme de berlindes.
O Zé agradeceu, pegou-lhes e pousou-os em cima da mesa.
-Mãe...
-Diz!
-Já sei o que quero para o Natal.
-Oh filho mas ainda estamos em Setembro.
-Mas eu já sei.

Fim.

Cais



Toma, dou-te o meu cais!
Encosta o teu coração ao meu,
Vamos viver como nunca mais.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O outro mundo do Zé (parte II)

Na aldeia onde o Zé morava toda a gente se conhecia, todos sabiam tudo de toda a gente e quando aparecia alguém novo, era logo motivo de conversa e de mistério.

-Tu não és de cá pois não?
-Não, vim visitar a minha avó, ela está doente. -disse o rapaz ainda com cara de sofrimento.
-Quem é a tua avó?
-Chama-se Maria.
-Maria? Marias há muitas. -e esboçou um sorriso de gozo.
- Ela mora naquela casa grande com um terraço, ao pé do mercado.
-Ah!!A Dona Maria Pacheca, já sei quem é. Não sabia que ela estava doente.
-Ela diz que tem um malzinho ruim. Os meus pais andam muito tristes e dizem que ela vai ter que ir para o hospital e ficar lá internada.
-Como é que te chamas?-rematou o Zé para mudar de assunto.
-Pedro. E tu?
-Chamo-me Zé Miguel, mas toda a gente me chama Zé. O que andas por aqui a fazer? A casa da tua avó ainda fica longe.
-Os meus pais disseram que era melhor eu vir dar uma volta, mas isto aqui é uma seca, não há nada para fazer.
-Isso que tens na mão é um telemóvel? - perguntou o Zé já com uma curiosidade enorme.
-Sim é!
-Posso ver?
-Toma, vê!

Os olhos do Zé brilhavam. Contava-se pelos dedos das duas mãos as vezes que segurara um telemóvel, os pais não o deixavam mexer nos seus, diziam que era uma coisa de adultos, mas a curiosidade era tão grande que sempre que podia, mexia à socapa. Mas o problema é que não sabia mexer muito bem naquilo.

-Como é que se desbloqueia?
-Carregas aqui e...aqui!

O Zé sentiu-se poderoso. Tinha na mão uma máquina que ainda não conhecia muito bem, mas que ele pressentia que era poderosíssima. O entusiasmo era bastante diferente do que sentia quando jogava ao berlinde. Os berlindes pareciam estúpidos ao pé do telemóvel, eram apenas redondos e tirando alguns com umas cores mais estranhas, eram apenas bolas de vidro.Mexeu nos botões todos, percorreu os menus, procurou os jogos.

-Onde estão os jogos? -perguntou o Zé já irrequieto. Queria descobrir tudo o que o telemóvel tivesse para oferecer naquele momento.
-Dá cá que eu mostro-te. Entras no menu principal, depois aqui e...aqui. Agora é só escolheres qual queres jogar.
-Dá cá, dá cá! Deixa-me jogar!
-Posso ver o teu?
-Hum...deixei-o em casa.

(Continua)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O outro mundo do Zé

Malaquias contava, orgulhoso, os berlindes que tinha rapado ao Zé. Tinham terminado um jogo de berlinde no intervalo do recreio.
O Zé estava triste como a noite, os berlindes eram o seu entretenimento, eram acima de tudo, o seu tesouro, mas jogo é jogo e o Zé era um rapaz honesto.
A campainha tocou e voltaram todos para as aulas como um carreiro de formigas

A caminho de casa, o Zé pontapeava as pedras com os sapatos gastos e poeirentos e contava as libelinhas que passavam. Ao chutar uma pedra com entusiasmo, tanto entusiasmo que nem para a frente olhou, não reparou numa figura um pouco mais à sua frente. Puxou a perna a trás e pimba. A pedra acertou em cheio na canela da tal figura e quase instantaneamente ouviu um palavrão daqueles que só tinha ouvido uma ou duas vezes e que nem sequer sabia muito bem o seu significado. O Zé imobilizou-se e encolheu-se tamanho foi o susto.
A figura, que parecia que dançava ao pé coxinho mesmo à sua frente, continuava a remorder e a praguejar, mas desta vez mais baixo.

A figura era tão engraçada que o Zé não resistiu em arreganhar a tacha.

A figura lá meteu o pé no chão a medo, não sem antes esfregar a canela com a mão, tanto, que parecia que ia fazer fogo.

O Zé tirou o pequeno sorriso que tinha na cara e desculpou-se mostrando cara de arrependido.

-Ouve lá, tu és parvo ou ainda andas a tirar o curso?? Quem é que anda a chutar pedras contra as pessoas??
-Foi sem querer!!murmurou o Zé.
A figura agora mais perceptível era pouco mais alta que ele, era um rapaz com um penteado que fazia lembrar o padre Artur, um padre novo que tinha chegado há dois anos à paróquia, e que andava sempre bem apresentável.

-Estás desculpado disse o rapaz entre dentes.

(Continua)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Crise de 1/3 de idade

Eu poderia dizer que era crise de 1/4 de idade, mas estaria a ser demasiado optimista tendo em consideração a quantidade de vícios que tenho, portanto vou mesmo dizer que estou a passar pela crise de 1/3 da idade.
Sinto que estou a passar a fase da pós-adolescência, que implica falta de entusiasmo por brincadeiras ou piadas que antes me definiam e que estranhamente fazem rir toda a gente à minha volta excepto a mim. Na verdade eu rio, um riso tão amarelo como qualquer coisa imensamente amarela. Implica o desejo por locais sossegados, um sofá num fim de semana à tarde, uma cerveja em vez de 5 ou 6, reflectir sobre coisas realmente sérias e preocupantes, a noção da morte, a necessidade de assentar, arranjar um trabalho, comprar um carro e uma casa, aprender a controlar melhor os "foda-ses!!!", os "vai pró caralho e não me fodas mais o juizo!!!", ou pelo menos dizê-los apenas mentalmente com aquele sorriso, começar a julgar pessoas no mínimo 3 anos mais novas que eu que usam vestuário que eu nunca usaria, fazem coisas que eu nunca faria e falam de uma maneira estranha até para mim que tenho 24 anos.
Implica gostar de falar ainda menos e começar a ouvir melhor os outros, começar a criar uma rotina de ler 2 ou 3 jornais online e comprar a Sábado em vez da GQ, ser menos tolerante para coisas intoleráveis, comer sem fazer barulho e mascar chicla de boca fechada. Implica tudo isto e muito mais.

Com estes factos penso que não quero chegar sequer aos 40, porque se para mim já me custa tanto adaptar à rapaziada e ao mundo em geral que me rodeia nem quero imaginar o que sente uma pessoa com 60 ou 70 anos. No outro dia entrei na Worten e vi lá tecnologia que nunca tinha visto, parecia que estava noutro planeta, coisas que eu nem sabia que já existiam...enfim!

Começo a achar que, ou sou um sacana completamente desactualizado e sem paciência ou sou o gajo de 24 anos mais adulto do mundo.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Névoa

Queria muito sinceramente dizer-te algo
Falar-te ao ouvido para que ninguém mais ouvisse
Ou escrever-te num papel de rascunho
Tudo o que eu sentisse

As folhas de papel não me parecem especiais
E as minhas palavras muito menos
Um silêncio seria bom de mais
No meio de tantos que já temos

A tinta mental está seca e desnutrida
Calo-me quando quero falar
E apago constantemente mensagens da minha vida
Que com o tempo vou recuperar

A névoa é densa e perigosa
Engana a percepção, quase que cega
E numa música silenciosa
Guia-me, quase flutuado, através dela

Adormeço nas minhas coisas
Nada me chega, nada me sai
Determino-me sem poemas nem prosas
Num repouso que não me descontrai

Em passo largo seguem dias
Que parecem segundos indiferentes
Na melancolia das noites frias
Aconchegantes e insuficientes

E degustando um copo de vinho
Ouvido uma música que não se percebe
Mas que me fala com carinho
Sai-me o que escrevo tão breve

sábado, 18 de setembro de 2010

Equilibrio

Cenário: Jantar de família

Irmão: Ó mano aquelas pulseiras do equilíbrio o que é que fazem?
Eu: Epa dizem que equilibra melhor o corpo e dão energia através de umas forças magnéticas, são uma forças que supostamente nos rodeiam que não se podem ver.
Irmão: Mas isso funciona mesmo??(com ar muito céptico)
Eu: Não sei, há quem diga que sim, há quem diga que não...
Mãe: Sim elas dão mais equilíbrio e energia às pessoas.
Irmão: Mas servem para quê??
Pai: Servem para equilibrar....as contas de quem a fabricou!

sábado, 21 de agosto de 2010

Viver os dias

Neste momento és um rapaz que vive cada dia para cada dia,
Pensas em coisas que te preocupam e que soam ridículas ao resto do mundo.
Gritas ao mínimo entusiasmo.
Tens fome de saber e curiosidades atrevidas,
Namoras com os teus pensamentos e o coração começa a florir.

Um dia mais tarde vês-te um homem com pêlos na cara
E perguntas a ti mesmo como tudo aconteceu, como passou tão rápido,
E ficas com a sensação que não aproveitaste o suficiente,
Vês os teus olhos bem à tua frente numa figura frágil que te adoça os dias.
Vives o dia saboreando o dia anterior e esperando com ansiedade o dia seguinte

Tudo é tão incerto e ao mesmo tempo tão rotineiro...

Depois de todas as tempestades e dias amenos
Os teus olhos estão iguais, mas o teu olhar mais sábio.
Deparas-te com uma barba grisalha, uns vestígios de calvície,
E uma tonta dificuldade em subir degraus
Os teus olhos surgem novamente à tua frente...
E desta vez vertes uma lágrima, já não és o durão que costumavas ser
Gozas o teu cansaço, lendo o jornal na velha cadeira de madeira,
Com os pensamentos cada vez mais tranquilos
Mas com uma certa dificuldade de adaptação.
Vives o dia, recordas os dias e esperas sereno o dia de amanha.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Merda

A noite está cega
O silêncio é ensurdecedor
O frio cobre e abraça a minha dor
A chuva fina dança maluca

O cais aguenta a maré
As ondas batem-lhe com força
Os navios ferrugentos descansam
A lua esconde-se de mim

Não há palavras

Só merda

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O silêncio e o nada

O silêncio soa diferente na solidão,

Consegue ver-se o eco escuro que deambula

Como sombras assustadoras e móveis.

Gosto de apreciar o nada, o vazio.

Sentir que sou um privilegiado por presenciar o nada,

Fazer silêncio e sentir o silêncio.

Abraço a pouca luz que vejo,

Vejo-a como uma intrusa que me faz bem.

Ela é a sentinela das noites.

O nada conta-me histórias.

Imagino, recordo, penso, reflicto.

Sonharei abraçado pelo nada.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Loucura

A minha coragem faliu
Comprei-te com todos os trocos que tinha no bolso
E por vezes ainda ouço
Que não foste tu quem partiu

Vou pensando no que não deu certo
Nos falsos sorrisos e nas mentiras
Que tantas vezes me mantiveram por perto
Fazendo coisas pelas quais ainda hoje deliras

Os telhados da minha alma arderam
A terra do meu chão move-se inconstante
Os cordões que nos uniam romperam
E agora já não me pareces tão importante

Essa tua luz enfraqueceu-me o olhar
As tuas palavras embriagaram-me o espírito
Já não tenho a certeza que o que respiro é ar
Cada dia me sinto mais ridículo

Sonharei por nós dois
Dentro destas paredes brancas que me prendem
E que comigo contam os sóis
Porque só elas me entendem

terça-feira, 20 de julho de 2010

Summer rain



Near by the end

The thick clouds cover the sky

And the wind settles down

There’s no sounds or people passing by


All alone in my place

Waiting for the end

I’m tired from the mess the world has

And I wish to step my land


My head bursts

I’m losing my senses all over again

So I search for my zen state

And I wait for summer rain


It’s cold and smells like soil

It washes my tears and fears

Extinguishes my cigar

Makes me forget all troubles


Needing for happiness

Needing for a friend

It’s how it makes me feel

The summer rain



quarta-feira, 14 de julho de 2010

C'est la vie

De vez em quando é bom acreditar que tudo vai dar certo, que os nossos receios serão ultrapassados por uma esperança que é sempre a última a morrer e que um milagre possa realmente acontecer banhado por água benta já com verdete e reforçado por palavras estimulantes tão ditas e gastas pelas pessoas que nos estimam.

Mas nem sempre é assim, claro que não é assim.

As pancadas que se vão dando, comparando com as dores indescritíveis de bater com um dedo mindinho do pé numa porta a meio da noite, são bastante mais fortes. O desespero de sentir uma dor que não é física, uma dor que não se manifesta em hematomas, mas sim em pensamentos deprimentes e derrotistas é, felizmente, atenuado por coisas que nos recordam que afinal tudo é bom quando não é.

Que bom que é pensar que está tudo muito equilibrado com o mundinho tão pequenino que nos rodeia e que as pessoas estão sempre bem consigo mesmas, principalmente aquelas que nos rodeiam. O que digo é que somos tão egoístas ao ponto de apreciarmos as desgraças dos outros quando essas são as mesmas que as nossas. Buscamos um consolo em alguém que esteja tão desgraçado como nós, ou de preferência pior. É a realidade.

E quando sabemos que temos que voltar a trás, passar pelo mesmo suplicio, recordar o que já devíamos ter esquecido, voltar a acreditar numa realidade perfeitamente sufocante, questionamos (outra vez!!) se tudo valerá a pena e metemos em causa as nossas capacidades que são exactamente as mesmas de sempre.

Mas...há sempre um mas...nem tudo é mau, era bem pior se houvesse terrorismo global, corrupção, fome, catástrofes naturais, guerra e uma série de merdas que nos fizessem sentir sortudos ao ponto de não termos que acordar a meio da noite para uma mija e bater com o tal dedo mindinho do pé na porta.

Para me assegurar que não estou sozinho e para provar o (egoísmo humano?), utilizei o plural para definir uma frustração consciente e uma tristeza fodida.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Punheta à la carte

Não podia deixar passar em branco a minha primeira punheta.
Já há muito tempo que via a minha mãe a fazê-las lá em casa e sempre tive curiosidade de experimentar fazer para ver como saía.
Devo dizer que ficou que foi uma categoria...

Aqui está uma foto da minha primeira punheta de bacalhau!




Tempo

Quantas cabeçadas teremos que dar para aprender que a vida é curta de mais seja para o que for?

Neste tão curto espaço de tempo é legítimo correr atrás de algo, ambicionar, criar objectivos demasiado sufocantes?

Para quê?

Não éramos nada e nada voltaremos a ser. Tudo o que somos, tudo o que aprendemos, adquirimos ao longo da vida, vai ser nada, vazio. E a palavra que vamos partilhar, transmitir às gerações futuras, vai ser a única coisa de útil que alguma vez faremos.

As experiências pessoais se não forem partilhadas, serão só nossas, os sorrisos se não forem partilhados, serão alegrias desperdiçadas, as lágrimas serão solitárias e os momentos especiais inexistentes.

Será correcto guardarmos algo só para nós? Um pensamento, uma ideia absurda, um sentimento...

Qual o limite de informação que devemos manter intocável e como seleccionar essa informação?

Agrada-me a ideia de deixar fluir, tudo flui, tudo move e tudo acontece. O tempo não espera, porque o tempo é escravo do seu tempo, e quando o tempo parar, nós já não teremos tempo há muito tempo.

Quando eu entender tudo o que penso e sinto, nesse dia, já não o poderei partilhar.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Queria querer




Queria querer mais
Falar com garra e sabedoria
Contar histórias fantásticas
De tristeza e alegria

Queria querer conhecer o mundo
Experimentar o bom e o mau
Fascinar-me e surpreender-me
Fumar um cigarro no meu alpendre

Queria querer sorrir
Relaxar dos pensamentos e preocupações
Aprender coisas, fazendo-as
Inventar poemas e canções

Queria querer não controlar
Esquecer-me e distrair-me
Apreciar um bom vinho
Não contar contar os dias como um velhinho

Queria querer ver uma fogueira
Um silencio perturbado só pela natureza
Pensar alto e sonhar acordado
Admirar simplesmente a beleza

Queria querer ter tempo para nada
Não sofrer em vão
Enaltecer a vida
Dar-lhe a atenção devida

Queria querer não ter medo
Ser posto à prova
Ser melhor do que sou
E compreender a vida toda

terça-feira, 29 de junho de 2010

Sonho meu




Hoje sonhei contigo, sim contigo.
Mas acordei com a maldita realidade que se impunha
Sobre as florestas densas, obscuras e perversas dos meus sonhos.
Desejei poder dormir para sempre
Para simplesmente poder estar contigo.
Que todos os meus sentidos estivessem adormecidos,
Que a neblina presente se desvanecesse
Para eu te poder ver melhor.
Abdicaria de tudo por mais um sonho ou um beijo acordado
Fugiria para lado nenhum e para o nada
Esconderia-me dos pecados no escuro da areia azul
Ter-te-ia uma vez mais
Ficaríamos embalados pela brisa marítima gelada da noite de Verão.
E quando a hora se impusesse
Levaríamos o perfume um do outro para casa
Um beijo na testa
E um adeus.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Verão

Tenho tantas saudades!!

Quando era ainda mais miúdo do que sou agora, tive a sorte de, em parte, ter sido criado e educado pelos meus avós maternos, que sempre foram pessoas simples do campo que tinham e têm o privilégio de viver uma vida saudável com todas as mazelas que a velhice implica.

Como lembro com saudade quase chorosa aquelas tardes de brincadeira na terra do Egas, onde a garotada se juntava toda quase de manhã à noite a jogar à bola e a mais uns quantos jogos que envolviam canelas pisadas, joelhos esfolados e muita, muita roupa suja que faziam os pesadelos da minha mãe. Dizia-lhe sempre:"a máquina é que lava" ao que ela me respondia:"e quem é que a mete na máquina e a mete a secar no fio e a passa a ferro?"...pois, eu só dizia "oh!!"

A terra do Egas era um terreno enorme com erva verde, em frente à casa dos meus avós, onde actualmente se encontra uma enorme urbanização. Era um sítio do qual guardo as memórias mais desfocadas e ao mesmo tempo mais intensas. Tinha um amigo que morava perto da casa dos meus avós que se chamava Steven, os pais dele eram emigrantes na América, e não é que ele tinha uma piscina(na altura parecia-me gigante). Não, asseguro que fui amigo dele antes de saber que ele tinha piscina. Recordo que a mãe dele nos dava tarefas de jardinagem para fazer e só depois podíamos ir para a piscina. Ah e ele tinha um parque com carrosseis e um campo de ténis, na altura os carrosseis eram a opção mais atractiva. Nadávamos tardes inteiras, sem preocupações nenhumas, sem responsabilidades, sem pressas para nada, aquela água acalmava-me. Grandes tardes que eu passei e quanto ao Steven já não o vejo há uns anos.

Havia a zona dos montes, que consistia em montes enormes de areia branca que era dragada do fundo do mar e estava ali para venda. Sempre foi uma zona "perigosa" porque iam para lá "rapazes graúdos" fumar, drogaditos e casais aliviar as suas tensões e essa zona sempre me foi interdita pelos meus avós, mas a realidade é que uma vez ou outra dava lá um salto.

Havia as valetas onde corriam águas, na altura límpidas nas quais fazíamos corridas com os barcos feitos de esferovite com um pau espetado a fazer de mastro ou simplesmente pescávamos umas enguias de palmo.

Por trás da casa dos meus avós havia um terreno enorme com milho altíssimo (ou então era eu que era mais pequenito) no qual eu gostava de correr e jogar às escondidas, o que implicava umas quantas bandeiras(nome dado à parte de cima da planta do milho) partidas e o que resultava num sermão por parte do avô. O que gostava muito era de rebolar nos milhares de grãos de milho espalhados pela eira a secar ao sol e fazer de conta que nadava neles. Havia também aqueles rapazes mais velhos que fumavam umas barbas de milho enroladas em papel. Só mais tarde experimentei por curiosidade e não recomendo a experiência a ninguém.

Os meus avós sempre cultivaram muita coisa e o cheiro mais intenso que me faz despertar essas recordações, é a do tomate fresco que por vezes corto para fazer salada. Quando passeava no terreno com o Piloto (nome do cão dos meus avós que ainda é vivo) e passava pelos tomates já quase maduros ficava com aquele cheiro entranhado tão fundo que penso que ficou gravado na minha alma.

Havia também a praia dos tesos, que era uma praia considerada dos pobres ou dos simples, daí o nome "tesos". Era uma praia simples, pequena e com muita lama que ficava por trás da zona dos montes de areia branca, não era vigiada, nem tinha nada de atractivo, era apenas a praia onde de vez em quando ía. Ficava de frente para o Porto Comercial e por isso tinha zonas muito fundas o que implicava que só tinha autorização para ir para a água se fosse com alguém adulto, eu cumpria.

Havia a zona do Forte, que recentemente foi recuperada(finalmente!!) à qual eu chamo a zona do pocito, já que consistia numa espécie de lago gigante de água salgada com areia branca à volta, que também não era vigiado, portanto eu só tinha autorização de entrar na água sob controlo das "primas". Foi lá que aprendi a nadar ensinado pelas minha primas mais velhas. Também lá passei uma tardes bastante agradáveis.

Mais tarde recordo as idas à praia da Barra e à praia de Mira com os meus tios de França que no verão vinham cá de férias e posso dizer que todas estas recordações foram despoletadas pela música que se segue, porque era a música que eu ouvia no carro quando íamos para a praia a cantarolar pelo meio "vaaamos para a praia, oh ohohohoh". A música, admito, não é grande espingarda, mas foi daquelas coisas que me ficaram gravadas na alma.

É por tudo isto que recordo o Verão com saudade, é por tudo isto que eu acho que tive uma infância privilegiada.





Residência parte VIII

Finalmente acabaram as aulas e tenho a sensação que este ano passou a voar, ainda parece que foi ontem que começou o ano lectivo. Quanto mais velho fico, mais tenho a sensação que tudo passa muito mais depressa, já não é como quando era miúdo, em que os anos lectivos pareciam eternidades, mas para compensar as férias de verão eram quase infinitas, e no entanto queria sempre mais...todos queríamos.

As residências encontram-se na fase intermédia entre fim de aulas e o inicio árduo dos exames, somos apenas meia dúzia de gatos pingados por aqui, já que o resto do pessoal aproveita para passar uns dias de férias em casa antes de se enclausurarem. A minha hora de ir a casa em breve também vai chegar, embora ainda falte a conclusão de relatórios, entrega e discussão dos mesmos.

Devo dizer que desde que cá estou nunca assisti a um ano lectivo tão calmo, tão sereno, demasiado parado como este. Não houve exaltação, excesso, perdição, estupidez, arrependimento no dia seguinte...bem talvez tenha havido, mas em menor quantidade.

Algo que me marcou e custou foi ter levado a viola para casa, ela era a minha companheira, o meu escape, o meu poço de inspiração, a realidade é que senti uma enorme necessidade de a levar embora daqui, já que é um reflexo daquilo que eu próprio quero, quero passar esta fase, dar o passo seguinte e desejar ter saudades de voltar aqui e estar com aquelas pessoas e cometer aquelas loucuras.

Avizinha-se uma fase que me faz lembrar a da selecção Portuguesa, do tudo ou nada. Ou é este ano que acabo ou ainda vou ter que trazer o raio da viola outra vez...espero mesmo que não, até porque se a trouxer, tenho que trazer o jambé também...

Estou preparado para me auto-flagelar em clausura com tudo o que isso implica.

Desejem-me sorte!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Caracol



Qual é o objectivo de um caracol quando segue o seu caminho?
Muito possivelmente o caracol age por instinto e não por objectivos, mas sempre me fez confusão como é que o caracol sabe, se é que sabe, para onde vai e porquê e qual é o instinto que lhe "diz" que ele deve subir uma parede, é que penso que eles não sabem que se caírem podem morrer. Acho que a concha lhes dá uma falsa noção de segurança.

Quando reparei nos caracóis a subir uma parede de madrugada, estes pareceram-me as criaturas mais tristes do mundo, primeiro porque carregam a casa às costas o que faz deles criaturas leeentas e vulneráveis, e segundo porque nesta altura do Verão são devorados por nós à tonelada.

Talvez fosse o leve etilismo a falar, mas tive pena do raio dos bichos e questionei-me se um pires de caracóis regados com um molho à base de cebola picada, vinho branco, alho, salsa, bacon, tomate, chouriça vermelha e uma pitada de piri-piri, valeria a pena...!

É tão fácil apanhar caracóis que até dá pena, bichos assim fáceis de apanhar nunca deveriam ser tão saborosos, principalmente quando acompanhados por uma jola digna do bicho...

Eu adoro caracóis, este ano ainda não tive o prazer de os comer, mas são bons que se fartam e faço questão de os comer, mas juro que a partir deste dia, sempre que comer caracóis picantes, fungar aquele pinguito de ranho do nariz que se forma sempre que como algo picante, ser malandro de mais para pegar um lenço de papel para me assoar e engolir o meu próprio ranho, a partir deste dia vou questionar porque raio as pessoas têm nojo dos caracóis ranhosos.

Este post é dedicado à caracoleta que pisei (e matei) sem querer no dia que tirei a foto e aos muitos mais que irei comer durante o Verão.


Chuva que molha



Costumava pensar que quando a chuva cai
limpa tudo o que é mau, lava os maus pensamentos,
as más acções e os arrependimentos.
Mas na verdade quando chove apenas fico molhado.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Desesperando



Espera por mim junto ao infinito do meu tempo
E recorda com saudade tudo o que não passámos juntos.
Ouve as palavras mudas que te escrevi
E repete ao som de promessas cobardes
O pensamento que te impingi.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Stress

Por vezes é difícil, mas temos que tentar...portanto...



terça-feira, 1 de junho de 2010

Diabo



O Diabo anda por aqui...

Um pão por um verso



Não é que no sábado à noite, em pleno Bairro Alto, uma senhora se aproximou do grupo onde estava e me vendeu este poema...!?A senhora aproximou-se e deu-me um papelinho para a mão, de entre os muitos que tinha e disse, se lhe poderíamos dar umas moedinhas em troca para comer,"é mesmo para comer, isto está tão dificil...". Eu tendo um blog, em parte dedicado a poesia, fiquei logo derretido com aquela conversa do ladrão enquanto o Miguel abanava o dedo indicador com cara de caso atrás da senhora. Pedi para o ler e assim que terminei saquei da carteira e dei-lhe aproximadamente 1€. Sabia, como é óbvio que aquele euro iria ser investido em tudo menos em alimento, mas por um lado gostei de acreditar que sim, eu quis acreditar que sim, que ela iria comprar algo que a alimentasse, nem que fosse a alma, porque isso me fez sentir melhor comigo mesmo e com o mundo. Por isso mais uma vez eu digo...a ignorância é uma benção!


Queres comprar?



Cego quando vejo
Conto os dias por um beijo
Que parece não chegar

Facilmente imagino
Sonho acordado que nem menino
Cada hora de cada dia

Tento fugir, escapar por entre os fios do teu cabelo
Sem lhe poder tocar, sem poder vê-lo
Sem o reclamar meu

A tua liberdade consome-se
O teu pensamento destrói-se
Torna-se impuro

Sorris devagar com uma pressa nervosa
Numa cumplicidade só nossa
Que vai oscilando

Sei o que os teus olhos jorraram
Sei que já te amaram
Mas nunca como eu

sábado, 29 de maio de 2010

Todos gostamos de sonhar

Mas serão todos os nossos sonhos possíveis de realização?
É bom que certos sonhos se mantenham como tal, ou seja, inatingíveis, apenas sonhos que desejaríamos concretizar um dia, como uma espécie de fé saudável que nos mantém crentes em algo inatingível.
É bom sentirmos que poderíamos fazer algo transcendente, impossível, ou até proibido e saber que isso nos iria realizar, que nos iria encher de adrenalina ou que nos iria excitar. No entanto, temos que nos manter tão realistas como toda a realidade que nos rodeia e que nos impede de fazermos loucuras no dia-a-dia.
O que nos impede de cometermos uma loucura?
Tudo e nada.
Digo isto porque por vezes não existe nada físico que impeça a realização de um desejo ou de uma loucura, todavia, existem factores psicológicos, culturais, sociais que nos impedem, e por vezes esses factores são tão fortes, que o Universo equilibrado em nosso redor, ri de gozo. Vê-nos estrebuchar confusos nas teias do raciocínio incansável do nosso cérebro. Não conseguimos nunca deixar de pensar em tudo associado a um acontecimento, as vantagens, desvantagens, causas e consequências.
O meu palpite para evitar todas estas dificuldades é acreditar no equilíbrio do Universo, acreditar nos sinais que nos chegam e nas oportunidades que nos surgem, devemos portanto, sem uma passividade exagerada, e ao mesmo tempo sem forçar, esperar sentados pela harmonia desordenada da nossa mente.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Mulheres

Sempre quis saber escrever sobre mulheres, ou pelo menos tentar perceber um pouco o modo como pensam e actuam, as variações existentes entre elas e os factores psicológicos completamente obscuros que fazem com que elas não se percebam a elas próprias.
Todos nós convivemos com mulheres diariamente, com vários tipos de mulheres e a única conclusão a que chegamos, a única certeza com que nos deparamos, é que todas são diferentes, todas. Possuindo, no entanto características em comum.
Na minha convivência de cerca de 8 anos com uma mulher, a namorada, a mesma, diga-se, tenho vindo a aperceber-me que, no caso dela, ganha-me sempre qualquer discussão possível e imaginária e deixa-me completamente sem argumentos, ou pelo menos cansado do esforço mental por tentar, em vão, argumentar contra ela e de tanto a ouvir. Outra mulher, com quem convivo desde que nasci, é a minha mãe, e quanto a essa mulher, posso dizer que tem um poder de argumentação dos mais poderosos que possam existir, já que demonstra um tipo de convicção nas palavras que me convence de imediato do que quer que seja. Outra mulher que devo referir é a minha avó materna. Embora não conviva tanto com ela, apercebo-me que o tipo de argumentação dela baseia-se mais no dom da palavra, associado à experiência de vida e ao papel sociológico de base dentro da família. No que respeita ao papel das mulheres nas profissões associadas ao poder de argumentação, advocacia por exemplo, elas definitivamente são mais em quantidade e em qualidade. É quase que genético, um pequeno ponto em concordância na psicologia feminina.
Na argumentação elas são mesmo melhores que os homens.
Falando de outra característica feminina, ocorre-me a própria psicologia feminina. Analisando novamente as mulheres da minha vida e começando pela namorada, começo por referir que de todas, é ela o elo mais fraco. Não querendo fazer uma fraca interpretação, considero que ela ainda não consegue perceber muito bem o que eu estou a pensar sobre um dado assunto numa dada altura, mas para isso mesmo é que serve o namoro. No entanto ela já me percebe muito bem, os meus tiques e sinais exteriores, gostos e algumas opiniões. Referindo agora a minha mãe, essa tem uma psicologia de saber exactamente o que penso, é impressionante, chega a ser desesperante, porque por vezes tenho que lhe tentar mentir por palavras para que ela não perceba exactamente o que me vai na cabeça, mas fazendo das palavras dela as minhas, ninguém engana uma mãe. Compreende-me como ninguém. Finalmente a minha avó tem o dom da adivinhação, ou seja, ainda as coisas não aconteceram e já ela está a dizer "mais tarde ou mais cedo...". Acho que de todas as capacidades psicológicas é a mais difícil e também a mais simples. Requer, como é óbvio, uma experiência de vida que sustente tal à vontade em afirmar algo que ainda não aconteceu e que nem se sabe, só ela, se vai acontecer ou não.
No campo profissional ligado à psicologia, existem mais mulheres que homens e novamente as mulheres no que toca à organização e compreensão de individualidades e massas, batem os homens aos pontos. Por vezes chegam a compreender melhor os outros que a elas próprias. Existe novamente outra característica em comum, mais um ponto em concordância.
Resumindo tudo isto, as mulheres por mais diferentes, inacessíveis, inargumentáveis, incompreendidas por elas próprias e por outros, continuarão sempre a ser as "nossas" mulheres.

domingo, 16 de maio de 2010

O princípio da macacada

Vivemos numa época tão contemporânea como outra qualquer, com a única diferença que saberemos muito mais do que os nossos avós e pais algum dia saberão. Com o desenvolvimento de todo um leque de meios de informação, somos pessoas cada vez mais ricas culturalmente, com uma maior noção daquilo que se passa no mundo, e das pessoas que o povoam, e sejamos sinceros, quase nada nos surpreende hoje em dia. Estamos tão habituados a contactar com informações que têm tanto de bizarras como de vulgares, que chegamos mesmo a dar por nós à procura de algo trivialmente diferente. Eu sou adepto da frase "a ignorância é uma bênção". Não me refiro como é óbvio à ignorância como uma falta de saber ou relativa à incompetência, mas sim à ignorância que não nos diz que aquilo que sabemos nos pode magoar ou alterar irreversivelmente.
Na fase, que eu considero, mais crítica relativamente à concorrência e ao estilo de viver "cada um por si", aproximamo-nos a uma velocidade crescente dos nossos instintos mais animalescos e das nossas acções e pensamentos mais degenerativos. Considerando que há cada vez mais estudos que comprovam que os animais ditos irracionais, conseguem por vezes demonstrar actos de afecto ou sinais de inteligência tão surpreendentes, atrevo-me a perguntar se serão os animais irracionais que estarão a evoluir porque o mundo que os rodeia assim exige ou se será o ser humano que está a regredir aos confins da sua origem associada aos paus e às pedras porque o seu mundo também assim o exige.
Todos temos a perfeita noção que para ser melhor que o outro, temos quer ser mais rápidos, mais inteligentes, mais perspicazes, mais bonitos, mais magros, mais bem falantes, mais cultos,etc,e ganhar mais dinheiro. É tão verdade como o sol nascer amanha que qualquer pessoa se sente superior, ou pelo menos mais à vontade, quando sabe que ganha mais dinheiro que outra. Cheguei a ler num livro, que um actual gestor de sucesso, no início da sua carreira, quando ia a entrevistas de emprego ou quando se ia encontrar com algum cliente, envergava o seu melhor fato e levantava cerca de 1000 dólares, o dinheiro todo que tinha, para meter na carteira, e dizia que isso aumentava a sua auto-estima, não tinha que baixar tanto a cabeça quando passava por alguém.
As nossas prioridades mudaram, é irrefutável. Adaptamo-nos ao mundo de crise em que vivemos, com as armas mais eficazes, e elas neste momento são o dinheiro e o poder. Somos como os animais que demonstram o seu poder com altos rugidos e marcam o seu território com a sua urina e as suas fezes, a única diferença é que nós utilizamos palavras vaidosas e actos de ostentação e o dinheiro.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Fases da nossa vida

0-10 anos
mãe é essencial
10-25 anos
mãe é necessária
25-40 anos
mãe é crucial
40-80/... anos
mãe é mãe

Nota:Este post é dedicado a todos os filhos que deveriam amar incondicionalmente as mães*.

*mãe:pessoa do sexo feminino que ama incondicionalmente o/s seu/s filho/s independentemente de serem provenientes do seu ventre ou não.

Vai ser sempre assim

A Terra treme debaixo dos meus pés e eu tremo com ela,
O vento sopra forte a arrasta-me com ele,
O mar está calmo, leio um livro, o mar está revolto, sinto medo,
A chuva vem e eu deprimo,
O sol vem e eu animo,
Entre o sol e a chuva, a folha cai e o meu cabelo também,
Entre a chuva e o sol, liberta-se o principio da vida, eu apanho alergia,
A noite cai e fico com sono,
O dia nasce e eu desperto,
O tempo passa e fico mais velho,
Se tiver azar, morro,
Se tiver sorte, também.

O eu que sou eu

A brisa leve,vagarosa,sem pressa,
Varre as encostas do meu ser.
Limpa os meus medos e purifica-me.
Eleva-me até onde tudo começa,

O vazio.

Olho-me de tão longe
Que quase não me vejo.
Não me vejo só a mim.
A multidão que me rodeia
Faz-me sentir pequeno e sozinho,

Como sempre.

Grito!

Mas em vão...
Não me oiço no meio da confusão.

Mais calmo, respiro,

Falo!

Falo para mim sem emitir uma única palavra, um único som.
Só eu me entendo, só eu me oiço.

As palavras, essas...levou-as o vento.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Residência parte VII

Nesta altura do campeonato, além do Benfica ser quase campeão, é tempo de estudo árduo, as frequências começam a apertar, os trabalhos e relatórios a cair e a nossa paciência a decrescer. Isto porque esse sacana do sol anda a dar uns ares da sua graça e com temperaturas amenas para beber uns finos numa esplanada, fazer topless (e vê-lo) e queimar umas calorias com calças e tops tão justinhos que invocam pensamentos pecaminosos do tipo: "porque é que eu não sou de Telheiras??", é difícil manter uma postura séria e atenta quando se está dentro de uma sala de aula a sentir e a fazer todo o oposto do que referi anteriormente.

Este verão sou a favor da burka, porque na praia (em frente à escola, não é para todos!!), é possível rebarbar cerca de 30 vezes por cada 100 metros quadrados, e o pessoal da residência não aguenta a pressão, o que origina uma grande afluência aos chuveiros e casas de banho da mesma ("epa hoje estou com umas cólicas"...pois sim..."todos os dias tomo 2 ou 3 banhos"...pudera!!).

No entanto, apesar de haverem essas vontades (putas e vinho verde fresquinho) de liberdade e descanso, o pessoal tem conseguido manter um equilíbrio saudável entre o número de horas de aulas e o número de horas de praia com uma relação aproximada de 1 para 3. Escusado será dizer que esta relação também é aplicável, respectivamente, aos cl's de água e cerveja consumidos por dia. O que vale é que eu não gosto de praia...
Lembro ainda que a residência (é antiga comá merda) não é moderna e como tal, não tem ar condicionado, nem internet funcional, nem cozinhas decentes, nem chão que não se desmonte às peças, nem janelas que vedem bem e que impeçam a entrada de centopeias gigantes,etc, logo, se no Inverno era desagradável, agora que está a vir o Verão, não vai ser mais fácil.

Outro pormenor desagradável é que na residência a relação de mulheres para homens é de 1 para 10 (não, não estou a exagerar...), portanto como há quem diga que no mundo há 7 mulheres por cada homem, eu quero saber onde estão as minhas 6.

Nota:A quem as vir que me contacte por email por favor.

Agradecido.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Ninhos de plástico

Há uns dias vi um pardalito com uma fita de plástico, daquelas que tapam os maços de tabaco, na boca. Veio-me à ideia que o pardalito estivesse à procura de palhas secas e pequenos ramos para fazer o ninho. À falta de melhor, suponho que ele tenha feito o seu ninho com aquela fita de plástico.
O pardalito na sua inocência não sabe que a sua casa, o seu lar, o sitio onde vai criar as suas crias vai ser construída com materiais sintéticos, materiais que resultaram da poluição do ser humano.
No fundo, todos nós não temos noção que tudo o que nos rodeia é anti natural, tudo é feito, construído, inclusive há jardins, espaços verdes que não são naturais, não estão ali porque pertencem mas porque o Homem assim o quis. Quando soube que sempre que se constroem blocos e blocos de apartamentos ou simples moradias, que é obrigatório ter espaços verdes, fiquei a pensar que somos exactamente iguais ao pardalito, que o que nos rodeia, apesar de estar verdinho e ser bonito e estar ali para o nosso conforto, não é natural.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Noite



Há pedintes,
Há mendigos,
Riscos e perigos.

Há a luz que não ilumina,
Há a mulher menina,
Que se vende na esquina.

Há de tudo na cidade que não me vê.
Há quem me pergunte porquê,
Há quem me ignore.

A noite não dorme,
É cega e surda.
Uma surpresa em cada curva.

Subo e desço as escadarias,
Vagueio sozinho em busca das mesmas companhias.

7 Palmos de terra



Sou quem a dor aperta,
Sou moralista,um falso poeta,
Cuja dor dói e doeu,
Sou quem fecha a porta aberta.

O meu sangue evapora, ferve.
Apático, insensível, que nada teme.
Finjo quem sou agora.
Trago este amargo na boca,
Esta agonia, nojo do ser que sou.
Enterro sob sete palmos de terra
E gozo a vida entre os grãos de areia
Que o tempo amontoou.

A dor ninguém a leva, ninguém a vê.
Guardo-a só para mim.


segunda-feira, 22 de março de 2010

Chefe de máquinas Iglo

-No dia em que ele vier vou fazer uma festa!!
Disse a mãe já saudosa.
Ele tinha ido para o mar.

Todos os dias à noite a mãe chorava um pouco,
Todos os dias ela tirava um dia no calendário.
Todos os dias ele tirava uma semana ao calendário,
Desejavam que o tempo voasse.
Pensava no que ia fazer e no que ia dizer quando chegasse.

Os dias caminhavam tão iguais para ele,
Arrastavam-se morosamente numa sinfonia metálica e mecânica.
Os últimos dias superaram-se com ansiedade.
Havia desejo de fazer tudo, de absorver tudo o que tinha perdido.
O rapaz já não era mais um menino.
Era um homem do mar,
Era o chefe de máquinas Iglo.

Há pessoas e pessoas

Desconhecido-Pessoa completamente irrelevante, excepto se for uma gaja boa.

Conhecido-Pessoa desconhecida que costumamos ver com alguma frequência, podemos ou não saber o seu nome(alcunhas também contam) e que cumprimentamos quando a vemos.

Colega-Pessoa com a qual partilhamos uma actividade(sexual, se for uma gaja boa).

Sócio-Pessoa com a qual fingimos partilhar um lucro de uma actividade.

Amigo-Pessoa de alguma confiança a quem se pode contar alguns segredos e com a qual se pode contar em algumas situações.

Grande amigo-Pessoa que evitamos incomodar nas horas mais difíceis e na qual confiamos plenamente.

Familiar-Pessoa com a qual almoçamos, jantamos e vemos os Simpsons depois de jantar.

Não ler!!

Quando viajamos de comboio de costas para a frente e outra pessoa viaja no banco à nossa frente, essa pessoa vê pela janela as coisas primeiro do que eu, mas eu também as vejo, só que duma perspectiva diferente.

Como tudo na vida, existem diferentes opiniões e perspectivas sobre algo, mas esse algo não é moldável por nós, não temos qualquer efeito sobre o "aquilo". Independentemente da nossa opinião, o "aquilo" vai continuar a ser ou a existir como sempre foi e como é. Como tal acho que existem discussões completamente inúteis, tais como religião, política, futebol, etc...já que no fim, as pessoas continuam exactamente com a mesma opinião e não se absorve nada da opinião do outro, nem se aprende nada, isto porque apesar do ser humano ser moldável, também é igualmente orgulhoso acerca das suas convicções e por isso durante algumas discussões ouvimos "em parte concordo contigo, mas...". Lá está...mas!!

Sou grande adepto de falar só quando tem de ser e detesto desperdiçar o meu latim com alguém se sei que não vou ouvir nada de novo. Sempre ouvi que a melhor palavra é aquela que fica por dizer, assim como também ouvi que não se deve engolir sapos.

E como conclusão, concluo que não concluí nada de novo. Tudo isto para tentar demonstrar às pessoas que por vezes vemos certos programas na tv e, (aliciados pelas frases mágicas "saiba toda a verdade" ou "o mistério desvendado", e que no final ouvimos o interlocutor dizer "...nunca saberemos..." e debitamos virados à tv uma série de palavrões), que desperdiçamos inutilmente valiosas horas por estupidez própria e alheia.

No final desta leitura verifica-se que se perderam inutilmente alguns minutos preciosos por estupidez própria, porque eu avisei...!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ser ou não ser

Não sou como sou.
Sou um animal preso pela lei que a sociedade inventou.
Sofro a pressão diária de ser mais que o meu instinto,
Obrigado a querer mais que aquilo que me faz feliz e que me dá prazer.
Eu tento. Eu consigo. Durmo sobre o assunto. Sonho.

Gostava de ser um bicho do mato,
Gostava de me alimentar e não de comer,
Gostava de procriar e não de fazer amor,
Gostava de chorar pela dor e não por sentir,
Gostava de olhar e ver sem me preocupar em perceber.

Vamos todos ser uns animais!

À minha volta tudo é feito, construído, planeado,
Erguido pelo Homem para o Homem.
Somos tão felizes(exigentes),
Que de tão fácil que tudo se está a tornar,
Gastamos fortunas para termos que nos cansar.

Não há nada natural na rotina que levamos.
Somos os animais mais arrogantes de todos.
Julgamo-nos mutuamente quando na verdade somos todos iguais.
Deveríamos tentar todos ser mais animais.