quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Ninguém disse que era para sempre

Na minha ausência distante e meio perdida
Criaste uma âncora pesada
E quando na luz da lua me vias à noite
Eu via também o teu conforto mortal

Na mesma maré que te cheguei aos braços
Fui sentindo o vento do destino a afastar-nos
Em doces golpes sem misericórdia
Que me apagaram o resto da alma

Trazias todos os desejos do mundo dentro de ti
Mas transformaste-os em frustrações alucinantes
Como se o fim fosse amanhã
E talvez fosse mesmo

Doeu guardar-te na gaveta empoeirada
Mais ainda me doeu enterrar-te
Sem sentir a reconquista que ansiava
Que o egoísmo não deixou mais existir

Porque no final eras apenas tu
Miserável aconchego de uma vida
Que a solidão ouviu chorar e pensou:
Ninguém disse que era para sempre