Entre o medo irracional de me sentar numa retrete com uma vírgula de merda ressequida colada no ponto usual de queda da dita cuja e a apreensão racional por não ter dinheiro no futuro para comprar um terreno para construir uma casa que também não terei dinheiro para construir, encontro-me eu.
Tenho andado em campo a investigar as gerações mais antigas a tentar perceber como funcionavam antigamente as coisas, porque pelo que me parece antigamente era mais fácil juntar uns cobres e comprar uma casita. Depois de pedir a opinião a várias pessoas, todas elas me referiram os seguintes factores:
- Antigamente faziam-se sacrifícios,não se ia à bica,não se tomavam pequenos almoços na pastelaria/padaria,não se tiravam férias no Algarve,não se metiam unhas de gel,não se fazia o totoloto,não se saía à noite,não havia mensalidade de telemóvel,não havia ginásio,não havia mensalidade da meo,basicamente não se gastava dinheiro em coisas superficiais;
- Antigamente os jovens, quando se casavam iam morar para a casa dos pais ou dos sogros e não iam para um apartamento "modesto" completamente mobilado;
- Antigamente poupavam-se todos o trocos possíveis e logo que houvesse um dinheirinho metia-se logo no banco;
- Antigamente faziam-se sacrifícios.
Começo a perceber que o real problema não é o Euro nem a crise económica que actualmente se instala e o "fácil" não existe.
Sim, repeti o ponto sacrifícios.
Isto porque o meu medo está mesmo aí. Tenho medo de um dia não estar disposto a fazer, não digo todos, mas alguns dos sacrifícios anteriormente referidos. Não me refiro a ser um mártir, não sou estúpido, ainda, mas começo a ter consciência que realmente é necessário abdicar de certas coisas para poder ter outras.
Isto é serviço público!