terça-feira, 30 de novembro de 2010

Lago

Ela esperava sentada junto ao lago

Numa manhã fria de Outono.

Estava um frio cortante

E uma névoa densa repousava sobre o lago

Que dormia tranquilo

Perante um silêncio desconcertante.


Ouviu ao longe uma chiadeira.

O seu olhar que adormecia na terra

Ergueu-se e o seu coração palpitou.

O som arrastava-se quase sem pressa

E aumentava a medo.

Ela levantou-se e atenta, observou.


Do meio da neblina uma figura pequena surgiu,

Montada numa pequena bicicleta ferrugenta.

A figura aproximou-se e tornou-se mais nítida.

Ficaram as duas frente a frente

As suas respirações ofegantes misturavam-se.

Deram as mãos timidamente.


Beijaram-se.


O único calor que sentiam vinha da boca uma da outra.

O silêncio continuava, e não tencionava terminar.

Abraçaram-se e desejaram que fosse assim para sempre

Apenas elas e o lago e o silêncio para partilhar.

Sorriram e suspiraram em harmonia um “amo-te”.

E soltaram uma gargalhada vibrante.

Porque vem aí o Natal

Tenho pena de quem diz que não gosta do Natal.

Eu adoro o Natal, isto porque o vejo no que ele tem de melhor e mais infantil.

No quarto da residência onde moro está uma árvore de Natal desenhada com luzes coloridas, num armário azul de metal, apenas porque nesta época sinto uma estranha necessidade de sentir que é Natal.
Comprei as luzes nos chineses.

Espero manter este fascínio infantil por muitos mais anos, as luzes coloridas que não se cansam de piscar, mas que às vezes fundem, a árvore, o presépio feito com musgo apanhada na mata, os doces e principalmente a família e o bacalhau tremido feito pela minha avó "ti" Rosa Nova.
Aquecer o cú na salamandra da cozinha a ver os mesmos filmes que deram nos últimos 4 Natais, mas que mesmo assim eu faço questão de ver, comer alternadamente entre doces e salgados, inclusive o bolo rei, os ovos moles e uns bombons de cereja cobertos com chocolate, tudo feito pelo meu pai, aconchegar-me no sofá com o cobertor aos pés da minha mãe e mandar uns carolos no meu irmão.

É um dia como os outros?
Claro que é, com a excepção de que é Natal.
E eu gosto do Natal.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Viagens

Apontava num papel qualquer
Podia ser mesmo aí
Nesse
Que tens aí

Podia ser na memória fotográfica de um passado tão presente
Que tão próximo e tão perto me faria dormente

Mas não.

É assim tão real que se sente
E apesar de estar contigo comigo
Vais estar longe e tão perto meu amigo.