quinta-feira, 10 de março de 2011

O grão de areia #3

O pequeno grão de areia continuou jazido até que a sua sorte mudou, uma forte corrente de vento elevou-o a um mundo que ele nunca antes tinha visto. Viu o que não sabia que existia e gostou.
Não tinha palavras, porque não podia falar, porque os grãos de areia não falam, para descrever o que via.

Depois de muito percorrer pousou. Pousou num sitio molhado que lhe fazia lembrar o fundo do mar mas com menos água. Estava no que parecia ser um olho.
O olho chorou e o grão de areia caiu no chão envolto pela lágrima. Ali ficou rodeado pela lágrima.
-Olá grão de areia.
O grão de areia não sabia que as lágrimas podiam falar.
-Não dizes nada? replicou a lágrima.
O grão de areia não sabia o que fazer, e atrapalhado ouviu uma voz que nunca ouvira:
-Eu não falo, porque os grãos de areia não falam.
Nesse preciso momento percebeu com uma enorme admiração que aquela voz era a sua, não percebia como, já que os peixes sempre disseram que os grãos de areia não falavam.
-Eu não sabia que falava, pensava que os grãos de areia não falavam.
-Tudo fala pequeno grão de areia, é preciso é saber ouvir.

Continua

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