Tenho tantas saudades!!
Quando era ainda mais miúdo do que sou agora, tive a sorte de, em parte, ter sido criado e educado pelos meus avós maternos, que sempre foram pessoas simples do campo que tinham e têm o privilégio de viver uma vida saudável com todas as mazelas que a velhice implica.
Como lembro com saudade quase chorosa aquelas tardes de brincadeira na terra do Egas, onde a garotada se juntava toda quase de manhã à noite a jogar à bola e a mais uns quantos jogos que envolviam canelas pisadas, joelhos esfolados e muita, muita roupa suja que faziam os pesadelos da minha mãe. Dizia-lhe sempre:"a máquina é que lava" ao que ela me respondia:"e quem é que a mete na máquina e a mete a secar no fio e a passa a ferro?"...pois, eu só dizia "oh!!"
A terra do Egas era um terreno enorme com erva verde, em frente à casa dos meus avós, onde actualmente se encontra uma enorme urbanização. Era um sítio do qual guardo as memórias mais desfocadas e ao mesmo tempo mais intensas. Tinha um amigo que morava perto da casa dos meus avós que se chamava Steven, os pais dele eram emigrantes na América, e não é que ele tinha uma piscina(na altura parecia-me gigante). Não, asseguro que fui amigo dele antes de saber que ele tinha piscina. Recordo que a mãe dele nos dava tarefas de jardinagem para fazer e só depois podíamos ir para a piscina. Ah e ele tinha um parque com carrosseis e um campo de ténis, na altura os carrosseis eram a opção mais atractiva. Nadávamos tardes inteiras, sem preocupações nenhumas, sem responsabilidades, sem pressas para nada, aquela água acalmava-me. Grandes tardes que eu passei e quanto ao Steven já não o vejo há uns anos.
Havia a zona dos montes, que consistia em montes enormes de areia branca que era dragada do fundo do mar e estava ali para venda. Sempre foi uma zona "perigosa" porque iam para lá "rapazes graúdos" fumar, drogaditos e casais aliviar as suas tensões e essa zona sempre me foi interdita pelos meus avós, mas a realidade é que uma vez ou outra dava lá um salto.
Havia as valetas onde corriam águas, na altura límpidas nas quais fazíamos corridas com os barcos feitos de esferovite com um pau espetado a fazer de mastro ou simplesmente pescávamos umas enguias de palmo.
Por trás da casa dos meus avós havia um terreno enorme com milho altíssimo (ou então era eu que era mais pequenito) no qual eu gostava de correr e jogar às escondidas, o que implicava umas quantas bandeiras(nome dado à parte de cima da planta do milho) partidas e o que resultava num sermão por parte do avô. O que gostava muito era de rebolar nos milhares de grãos de milho espalhados pela eira a secar ao sol e fazer de conta que nadava neles. Havia também aqueles rapazes mais velhos que fumavam umas barbas de milho enroladas em papel. Só mais tarde experimentei por curiosidade e não recomendo a experiência a ninguém.
Os meus avós sempre cultivaram muita coisa e o cheiro mais intenso que me faz despertar essas recordações, é a do tomate fresco que por vezes corto para fazer salada. Quando passeava no terreno com o Piloto (nome do cão dos meus avós que ainda é vivo) e passava pelos tomates já quase maduros ficava com aquele cheiro entranhado tão fundo que penso que ficou gravado na minha alma.
Havia também a praia dos tesos, que era uma praia considerada dos pobres ou dos simples, daí o nome "tesos". Era uma praia simples, pequena e com muita lama que ficava por trás da zona dos montes de areia branca, não era vigiada, nem tinha nada de atractivo, era apenas a praia onde de vez em quando ía. Ficava de frente para o Porto Comercial e por isso tinha zonas muito fundas o que implicava que só tinha autorização para ir para a água se fosse com alguém adulto, eu cumpria.
Havia a zona do Forte, que recentemente foi recuperada(finalmente!!) à qual eu chamo a zona do pocito, já que consistia numa espécie de lago gigante de água salgada com areia branca à volta, que também não era vigiado, portanto eu só tinha autorização de entrar na água sob controlo das "primas". Foi lá que aprendi a nadar ensinado pelas minha primas mais velhas. Também lá passei uma tardes bastante agradáveis.
Mais tarde recordo as idas à praia da Barra e à praia de Mira com os meus tios de França que no verão vinham cá de férias e posso dizer que todas estas recordações foram despoletadas pela música que se segue, porque era a música que eu ouvia no carro quando íamos para a praia a cantarolar pelo meio "vaaamos para a praia, oh ohohohoh". A música, admito, não é grande espingarda, mas foi daquelas coisas que me ficaram gravadas na alma.
É por tudo isto que recordo o Verão com saudade, é por tudo isto que eu acho que tive uma infância privilegiada.
Quando era ainda mais miúdo do que sou agora, tive a sorte de, em parte, ter sido criado e educado pelos meus avós maternos, que sempre foram pessoas simples do campo que tinham e têm o privilégio de viver uma vida saudável com todas as mazelas que a velhice implica.
Como lembro com saudade quase chorosa aquelas tardes de brincadeira na terra do Egas, onde a garotada se juntava toda quase de manhã à noite a jogar à bola e a mais uns quantos jogos que envolviam canelas pisadas, joelhos esfolados e muita, muita roupa suja que faziam os pesadelos da minha mãe. Dizia-lhe sempre:"a máquina é que lava" ao que ela me respondia:"e quem é que a mete na máquina e a mete a secar no fio e a passa a ferro?"...pois, eu só dizia "oh!!"
A terra do Egas era um terreno enorme com erva verde, em frente à casa dos meus avós, onde actualmente se encontra uma enorme urbanização. Era um sítio do qual guardo as memórias mais desfocadas e ao mesmo tempo mais intensas. Tinha um amigo que morava perto da casa dos meus avós que se chamava Steven, os pais dele eram emigrantes na América, e não é que ele tinha uma piscina(na altura parecia-me gigante). Não, asseguro que fui amigo dele antes de saber que ele tinha piscina. Recordo que a mãe dele nos dava tarefas de jardinagem para fazer e só depois podíamos ir para a piscina. Ah e ele tinha um parque com carrosseis e um campo de ténis, na altura os carrosseis eram a opção mais atractiva. Nadávamos tardes inteiras, sem preocupações nenhumas, sem responsabilidades, sem pressas para nada, aquela água acalmava-me. Grandes tardes que eu passei e quanto ao Steven já não o vejo há uns anos.
Havia a zona dos montes, que consistia em montes enormes de areia branca que era dragada do fundo do mar e estava ali para venda. Sempre foi uma zona "perigosa" porque iam para lá "rapazes graúdos" fumar, drogaditos e casais aliviar as suas tensões e essa zona sempre me foi interdita pelos meus avós, mas a realidade é que uma vez ou outra dava lá um salto.
Havia as valetas onde corriam águas, na altura límpidas nas quais fazíamos corridas com os barcos feitos de esferovite com um pau espetado a fazer de mastro ou simplesmente pescávamos umas enguias de palmo.
Por trás da casa dos meus avós havia um terreno enorme com milho altíssimo (ou então era eu que era mais pequenito) no qual eu gostava de correr e jogar às escondidas, o que implicava umas quantas bandeiras(nome dado à parte de cima da planta do milho) partidas e o que resultava num sermão por parte do avô. O que gostava muito era de rebolar nos milhares de grãos de milho espalhados pela eira a secar ao sol e fazer de conta que nadava neles. Havia também aqueles rapazes mais velhos que fumavam umas barbas de milho enroladas em papel. Só mais tarde experimentei por curiosidade e não recomendo a experiência a ninguém.
Os meus avós sempre cultivaram muita coisa e o cheiro mais intenso que me faz despertar essas recordações, é a do tomate fresco que por vezes corto para fazer salada. Quando passeava no terreno com o Piloto (nome do cão dos meus avós que ainda é vivo) e passava pelos tomates já quase maduros ficava com aquele cheiro entranhado tão fundo que penso que ficou gravado na minha alma.
Havia também a praia dos tesos, que era uma praia considerada dos pobres ou dos simples, daí o nome "tesos". Era uma praia simples, pequena e com muita lama que ficava por trás da zona dos montes de areia branca, não era vigiada, nem tinha nada de atractivo, era apenas a praia onde de vez em quando ía. Ficava de frente para o Porto Comercial e por isso tinha zonas muito fundas o que implicava que só tinha autorização para ir para a água se fosse com alguém adulto, eu cumpria.
Havia a zona do Forte, que recentemente foi recuperada(finalmente!!) à qual eu chamo a zona do pocito, já que consistia numa espécie de lago gigante de água salgada com areia branca à volta, que também não era vigiado, portanto eu só tinha autorização de entrar na água sob controlo das "primas". Foi lá que aprendi a nadar ensinado pelas minha primas mais velhas. Também lá passei uma tardes bastante agradáveis.
Mais tarde recordo as idas à praia da Barra e à praia de Mira com os meus tios de França que no verão vinham cá de férias e posso dizer que todas estas recordações foram despoletadas pela música que se segue, porque era a música que eu ouvia no carro quando íamos para a praia a cantarolar pelo meio "vaaamos para a praia, oh ohohohoh". A música, admito, não é grande espingarda, mas foi daquelas coisas que me ficaram gravadas na alma.
É por tudo isto que recordo o Verão com saudade, é por tudo isto que eu acho que tive uma infância privilegiada.
Que belíssima descrição das tuas férias de infância que não estão assim tão longe:):):)
ResponderExcluirEu também tenho as minhas e acredita que não são muito diferentes das tuas no se refere a sensações, nos cheiros, nos paladares,...
Abracinho
Primeiro determinação, é com esta que atraímos a sorte!
ResponderExcluirAbracinho
Olá!
ResponderExcluirTambém tenho muitas saudades muito boas dos verões da minha infância!! E é muito engraçado quando eu e os meus irmãos nos começamos a lembrar desses tempos!!:)
Beijinhos
Maria, sou uma pessoa bastante saudosista dos bons momentos!
ResponderExcluirBeijo!
Ana, é tão bom recordar episódios engraçados passados por exemplo em acampamentos...relembra-los com um cerveja na mão e um cigarro na outra..:))
ResponderExcluirBeijo!