segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Névoa

Queria muito sinceramente dizer-te algo
Falar-te ao ouvido para que ninguém mais ouvisse
Ou escrever-te num papel de rascunho
Tudo o que eu sentisse

As folhas de papel não me parecem especiais
E as minhas palavras muito menos
Um silêncio seria bom de mais
No meio de tantos que já temos

A tinta mental está seca e desnutrida
Calo-me quando quero falar
E apago constantemente mensagens da minha vida
Que com o tempo vou recuperar

A névoa é densa e perigosa
Engana a percepção, quase que cega
E numa música silenciosa
Guia-me, quase flutuado, através dela

Adormeço nas minhas coisas
Nada me chega, nada me sai
Determino-me sem poemas nem prosas
Num repouso que não me descontrai

Em passo largo seguem dias
Que parecem segundos indiferentes
Na melancolia das noites frias
Aconchegantes e insuficientes

E degustando um copo de vinho
Ouvido uma música que não se percebe
Mas que me fala com carinho
Sai-me o que escrevo tão breve

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